I João 4.3-6
Introdução:
Pensando sobre a primeira carta de João, pude perceber que há uma repetição dos temas logo após uma exposição inicial que vai do (1.5 – 2.29), reaparecendo pela segunda vez no (3.1 – 4.6) e ainda pela terceira vez no (4.7 – 5.12), mesmo separadamente ou entrelaçados. Essa insistência nos elementos temáticos vem lançar luz sobre algo que pertence aos próprios motivos básicos do escrito, que não são outros senão a inquietude do autor sagrado ante a presença de certos elementos estranhos que, em diferentes lugares, estavam perturbando a fé e a comunhão dos crentes.
O autor não diz quais eram as doutrinas e nem quem eram os causadores da sua preocupação, mas, provavelmente, tratasse de alguns ensinamentos que, sob o nome genético de “gnosticismo”, começavam desde então a infiltrar-se nos círculos cristãos da Ásia Menor.
R. D. Champlim, Ph. D. trabalha no Novo testamento interpretado com a certeza de que os gnósticos eram real uma ameaça à igreja cristã na Ásia Menor, ele ainda diz que os gnósticos conseguiam convertidos à sua causa dentro do próprio cristianismo. O Novo Testamento conta com oito livros escritos para combater essa heresia, a saber: a Epístola aos Colossenses, as três Cartas Pastorais, as três Epístolas de João e os escritos de Judas. Há outros livros do N.T. que refletem isso em parte, como a Epístola aos Efésios, o Evangelho de João e porções do livro de Apocalipse. O fato é que tanta literatura foi escrita contra esse sistema falso, provando assim a seriedade da ameaça GNÓSTICA.
Ainda nesta introdução quero fazer algumas observações acerta do gnosticismo; Era um movimento que cria ser impossível à encarnação do “LOGOS” (uma emanação elevadíssima de Deus), e até mesmo de um “AEON” qualquer (uma das emanações angelicais, entre os quais enfileiravam o “Espírito-Cristo”). Para eles a “MATÉRIA” era o princípio do mal, pelo que seria impossível que qualquer grau de santidade, pudesse encarnar-se realmente. Portanto, não criam que “JESUS” e o “CRISTO” fossem a mesma pessoa. Antes, um “AEON” ter-se-ia apossado do corpo de Jesus de Nazaré, quando de seu batismo, tendo-o abandonado por ocasião da crucificação. Não teria havido nisso qualquer “ENCARNAÇÂO”. Portanto, o “Espírito-Cristo” teria de homem apenas a “aparência”. Também não teria sofrido, pois certamente não poderia morrer.
Mas, logo os autores sagrados dos escritos citados acima refutaram em uma tarefa essas colocações, pois os frutos mostravam realmente quem eram os gnósticos. Eles tinham vidas imorais, fazendo da imoralidade parte de seu sistema ético. Supunham que o espírito humano não pode ser prejudicado pelo pecado, tal como o ouro, mergulhado na lama, não adquire nada da natureza da lama. Chegavam mesmo a imaginar se impecáveis (porque seu espírito estaria livre do pecado, embora o corpo pudesse corromper-se).
É pensando sobre ensinamentos como estes, que me veio à memória o quanto os membros que compõem o corpo de Cristo precisão estar alertas acerca de ensinamentos, doutrinas que tem por objetivo embotar a deidade de Cristo, nosso Senhor. Sendo assim, quero tentar responder três perguntas que muitas pessoas fazem, frisando o “título” desta mensagem que é:
Maior é o que está em NÓS do que o que está no Mundo.
TRANSIÇÃO: E a Primeira Pergunta É…
I. QUEM É AQUELE QUE ESTÁ NO MUNDO?
INTERPRETAÇÃO:
v. 3b diz: “… mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir e eis que está presentemente no mundo”. Não pode haver qualquer dúvida que o autor sagrado refere-se aqui aos espíritos malignos (DEMÔNIOS), como poderes que inspiram os homens a crer erroneamente e a praticarem o mal. Isso equivale a uma declaração que o gnosticismo era inspirado pelos demônios; e, sendo inspirados por espíritos malignos, opunham-se ao Espírito de Deus.
Alguns Judeus criam na realidade dos deuses pagãos, isto é, não acreditavam que o sistema inteiro do paganismo seria mítico e imaginário, mas antes, supunham que poderes espirituais autênticos, mas de natureza maligna, dominavam os pagãos através de suas crenças e práticas religiosas distorcidas. Por isso é que o autor sagrado não diz ser invenção humana a base doutrinária do gnosticismo; pelo menos atribuía o gnosticismo, somente a isso. Por trás de tudo ele via um poder demoníaco. “O deus deste século”, o diabo tem uma maneira de cegar os homens espiritualmente. Esta foi à declaração do apostolo Paulo na sua II carta aos cristãos de Corinto.
E este que está no mundo se manifesta para levar pessoas à – desprezarem o nome de Cristo; rejeitarem a palavra de Deus; Ignorarem o povo do Senhor e levarem as pessoas a terem sua alegria nas coisas do mundo, Justificando assim os seus pecados.
CONTEXTUALIZAÇÃO:
Ainda podemos dizer que o cristianismo é a maior religião do planeta (mais de 2 bilhões de fiéis. Isso, porém, não significa que todos os cristãos acreditam no Jesus do Novo testamento. No outono de 1994, os teólogos liberais norte-americanos que participam de um grupo chamado “Seminário de Jesus” examinaram a questão do nascimento virginal e 96% deles concordam que esse fato nunca aconteceu. Percebemos aqui uma estreita ligação com os gnósticos. Eles afirmam também que Jesus nunca ressuscitou e nunca foi assunto aos céus.
Um terço dos clérigos da Igreja Anglicana questionam a ressurreição física de Jesus. A metade deles não acredita no nascimento virginal do Senhor. (Estas Informações foram colidas da matéria de capa da Ultimato, edição Janeiro-Fevereiro deste ano – 2003).
Aqui no Brasil, muitos cristãos nada entendem do sacrifício vicário de Jesus. Pensam que Ele morreu por causa da traição de Judas, por causa da inveja dos líderes religiosos de Jerusalém, por causa da covardia de Pilatos, por causa do destino (“ESTAVA ESCRITO”).
ILUSTRAÇÃO:
Já no final de 2000, o apreciado teólogo, filósofo e psicanalista Rubem Alves, autor de vários livros e professor na Unicamp, fez uma estranha confissão: “Hoje, as ideias centrais da teologia cristã em que acreditei nada significam para mim: SÃO CASCAS DE CIGARRAS, VAZIAS. Não fazem sentido. Não as entendo. Não as amo. Não posso amar um Pai que mata o Filho, para satisfazer sua justiça”.(Comentou na edição Janeiro – fevereiro deste ano em curso Elben M. Lenz César – Diretor, redator e Jornalista responsável pela revista Ultimato).
Em entrevista a IstoÉ, o professor de educação física Nuno Cobra, autor de A semente da Vitória, queixa-se da religião cristã, dizendo que ela cria a incerteza e pergunta: “Por que se coloca Cristo numa cruz? Por que passar essa coisa de sofrimento?” Depois explica: “É isso que eu quero tirar das pessoas. Quero reprogramar os indivíduos para a certeza, a beleza da vida, o sucesso, a felicidade, a saúde.” Ou seja: Ele quer que as pessoas vivam a vida sem se preocupar com uma realidade, que todos os homens pecaram e carecem do perdão de Cristo Jesus.
APLICAÇÃO:
O fato que tanta literatura foi escrita contra esse sistema falso é prova da seriedade da ameaça gnóstica, e porque não dizer do hinduísmo; do jainismo; do budismo; do rosacrucianismo; do sikhismo; do espiritismo e do teosofismo; temos também: a umbanda; o racionalismo cristão; a antroposofia; a Seicho-no-ie; a Igreja Messiânica; a brasileira Legião da Boa Vontade; a cientologia; a meditação transcendental; a Igreja Internacional da Sabedoria Eterna; o Hare Krishna e outras. Se o gnosticismo tivesse ganhado a batalha, o cristianismo ter-se-ia tornada apenas outra religião misteriosa greco-romana. Naturalmente, também houve outros tipos de falsos mestres e heresias, que serviam de praga para a igreja, principalmente os judaizantes e os legalistas. As epístolas aos Gálatas, aos Coríntios, aos Romanos e o livro de Atos refletem essas outras fontes de perturbação, como é outros movimentos esotéricos, existindo um enorme guarda-chuva unindo e cobrindo as religiões anticristãs, que se chama Nova Era.
Mas, queridos irmãos, nós que somos aspirantes ao ministério, que possamos assim, como muitos homens que se tornaram em autores sagrados para combater as ameaças levantadas contra a igreja do Cristo Jesus, que possamos nos asseverar contra as ameaças dos gnósticos hodiernos, pois, maior, muitissimamente maior, é o que está em nós do que aquele que está no mundo.
TRANSIÇÃO: E a Segunda Pergunta É…
II. QUEM É AQUELE QUE ESTÁ EM NÓS?
INTERPRETAÇÃO:
v. 4b diz:”… porque maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo.” Estas palavras talvez apontam para Deus Pai; mas, neste caso, certamente apontam para ele através do seu Espírito, o qual ele confere aos remidos. Porém, talvez apenas o espírito esteja aqui em pauta. Também nos versículos primeiro e segundo deste capítulo figura o Espírito de Deus, em contraste com os espíritos malignos. Observemos que tudo isso é apresentado sob termos “pessoais”. É uma “PESSOA” que nos guarda e nos proporciona a vitória, e não mera lealdade a um sistema doutrinário qualquer, ou um compromisso a princípios teológicos abstratos. Pois vemos na ultima parte do v. 13 do cap 4 da I carta, João dizendo que Deus “… nos deu de seu Espírito”.
CONTEXTUALIZAÇÃO:
Ao estudarmos “PARACLETOLOGIA”, aprendemos com o professor Isaias Rosa que o Espírito Santo, aquele que está em nós, é a terceira pessoa da Santíssima “TRINDADE”. A sua obra é evidente desde o início da história e se mostra de maneira particular na vida e ministério de Jesus. Deu-se a conhecer abertamente depois da ascensão de Cristo, quando desceu sobre os crentes. A Igreja cristã nasce e se desenvolve tendo o Espírito Santo como o seu mentor. A obra do Espírito é projetada tanto no seio da Igreja (tratando com ela no seu conjunto e com os crentes de forma pessoal) como no mundo até aos nossos dias.
ILUSTRAÇÃO:
Uma das grandes provas do agir daquele que é maior do que o que está no mundo e que está em nós, é justamente a de Atos dos Apóstolos 1.8.
Os trabalhos e discursos de Pedro e de Paulo são os principais centros de interesse de Lucas. O seu propósito é documentar os primeiros passos da difusão do evangelho de Jesus Cristo e o modo pelo qual o Espírito de Deus dava impulso naquele tempo ao crescimento da Igreja “Tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da TERRA”. Terra da qual o Brasil faz parte.
APLICAÇÃO:
Portanto, na vida cristã é importante depender do poder do Espírito santo, reconhecendo que qualquer obra mais expressiva é feita “não por força nem por poder, mas pelo Espírito Santo que está em nós e que é incomparavelmente maior do que aquele que está no mundo.
Por essa razão, devemos andar segundo a direção do Espírito Santo e concentrar nossa mente nas coisas do “Espírito de Deus; Espírito de Verdade; Espírito de Poder; Espírito de Santidade e Espírito de União. Todo o nosso ministério, qualquer que seja a forma que ele assuma, deve ser desenvolvido no poder daquele que está em nós e que é maior do que aquele que está no mundo. BENDITO SEJA O NOME DO SENHOR!!!
TRANSIÇÃO: A Terceira E Ultima Pergunta É…
- ELE É MAIOR POR QUÊ?
INTERPRETAÇÃO:
v. 6 diz: “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro”. Provavelmente essas palavras se referem à ideia imediata do versículo: aqueles que dão ouvidos ao evangelho são divinamente ajudados e assim descobrem a verdade, ou seja, descobrem aquele que é maior; aqueles que se recusam a ouvir ao evangelho e dar-lhe obediência são inspirados por uma espiritualidade maligna, a qual permeia o sistema mundano, e assim caem no erro, ou seja, caem nas garras daquele que é menor. A observação que fazemos desses acontecimentos e dessas condições ensina-nos o que é verdade e o que é o erro. R. N. Champlim diz que:” O erro se caracteriza pela “RESISTÊNCIA” ao evangelho; a verdade é assinalada pela “FÁCIL” recepção do evangelho”.
CONTEXTUALIZAÇÃO:
Existem espíritos enganadores, que guiam os homens para o erro; e existe o Espírito iluminador, que nós guia à verdade. O modo como os homens sentem acerca de Jesus e seu evangelho, mostra o tipo de espírito que os guia.
Assim, pois, a oposição dualista é apresentada ante os nossos olhos: “Deus versus Satanás’; a ”verdade versus a mentira’; “Cristo versus o Anticristo”; o “Espírito Santo versus os espíritos malignos”; o “amor versus o ódio”; os “filhos de Deus versus os filhos de Satanás”. Mas nós sabemos que não existirá eternamente uma luta um contra o outro, porque na realidade não existe uma luta, mas, sim uma permissão do que é maior e que está em nós para ação do que é menor.
Neste conflito, os filhos de Deus têm a promessa da vitória, pois a “luta” é de dimensões cósmica, entre o “bem e o mal”; e, apesar de ser conflito perfeitamente real, a derrota das forças do mal é perfeitamente possível e certo. O princípio divino, que em nós habita, garante a vitória, porquanto o poder de Deus, que em nós está, é maior que qualquer poder externo. O espírito Santo é quem transmite a natureza divina ao ser humano, e essa transmissão é deveras eficaz.
APLICAÇÃO:
Os gnósticos tinham um tipo falso de conhecimento. No sistema deles imaginava-se que salvação vem através do conhecimento, e não mediante a fé no evangelho de Jesus o Cristo. O conhecimento gnóstico era mediado mágico, místico e cerimonial, e em nada glorificava a Cristo. Por conseguinte, era um conhecimento espúrio. O verdadeiro conhecimento consiste de reconhecermos o Cristo cósmico, entregando-lhe a alma, sabendo que aquele consolador que ele nos prometera veio e que intercede por nós com gemidos inexprimíveis, e que nos leva o conhecimento, como está escrito na I João 1.5 de que a – LUZ é maior que as trevas; I João 2.21 – A VERDADE é maior que o engano; Evangelho segundo João 15.16 – O REI é maior do que os seus súditos; Salmo 24.01 – O CRIADOR é maior do que as suas criaturas e em Romanos podemos vê no 5.8 revelados a nós que o AMOR de Deus é maior do que o ódio.
CONCLUSÃO:
Deus é quem luta por nós e em nós. E Ele é maior que o diabo, que governa o mundo. Os falsos profetas são, essencialmente do mundo. Tudo quanto domina suas vidas e ações vem deste mundo. Seus ensinamentos se derivam da sabedoria mundana e não da revelação que Deus tem dado acerca de seu Filho. A mensagem deles é bem acolhida por aqueles que pertencem ao mundo. “Pois o igual se associa ao igual”. Asseverou um certo filosofo. O escritor e os demais mestres cristãos tinham consciência de que derivaram de Deus sua vida verdadeira. E aqueles que são de Deus, e, portanto, vivem aprendendo a conhecê-lo melhor, na assimilação gradual da revelação de si mesmo, que Deus está fazendo em seu Filho, dão acolhida à mensagem. Esta é rejeitada somente por aqueles que não são de Deus, que não aprendem a conhecê-lo. Assim, do caráter daqueles que acolhem suas respectivas mensagens, aprendemos a reconhecer e a distinguir o espírito da verdade e o espírito da falsidade, ou seja, aprendemos a confiar muito mais ainda naquele que esta em nós e que é muito maior do que aquele que está no mundo.
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