BIOGRAFIA DE OREN MUNGER

BIOGRAFIA DE OREN MUNGER

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.

Marcos 16.15

Toca mais uma música para nós no piano, Oren, só mais uma! Imploravam os jovens de sua classe no Ginásio Municipal, da cidade de Aberdeen, estado de Idaho, Estados Unidos da América (E.U.A). E o jovem Oren Munger, disposto, talentoso, apaixonado pela música, alegremente cedia perante as insistências dos seus colegas, pois era um pianista bastante hábil já aos 18 anos.

  1. Foram dias felizes;

  2. Cheios de atividades passeios;

  3. Estudos;

  4. Concertos musicais nos parques da cidade nas noites de verão; e

  5. Com a banda de sua escala.

Tocava seu piston nas festas, nas casas dos colegas, visitas a outras escolas, concorrências musicais, reuniões e também trabalhos especiais com os jovens de sua Igreja. Mais tarde, estes simples prazeres iam parecer como sonhos agradáveis de um outro mundo. 

Em maio de 1938, Oren graduou-se no Ginásio. Na noite de sua graduação, depois de ter tocado brilhantemente uma peça musical no piano, um professor de música da Universidade de Colorado, ouvindo-o ofereceu-lhe uma bolsa de estudos no Colorado Academia de Música, um dos colégios musicais de mais renome dos E.U.A.

Durante todo o verão de 1938, o conflito assolou o coração do jovem Oren. Que oferta atraente! Estudar numa das melhores escolas de músicas do pais! Mas acontece que, exatamente duas semanas antes da graduação, num culto de mocidade Deus falou de uma maneira pessoal ao jovem Oren, fazendo-o sentir que o Senhor tinha um plano para sua vida.

Depois de muitas horas de lágrimas e luta no seu espírito, sobre os seus joelhos, ele tinha consagrado sua vida a Deus, para ser usado onde Deus o mandasse.

 

Poucos dias depois, a mamãe, uma mulher muito decidida às coisas de Deus, perguntou-lhe: “Oren, você já pensou em qual colégio ou universidade pretende ingressar no fim do verão? Seu pai e eu gostaríamos de ajudar você, mas não temos muito dinheiro. Porém, poderíamos pagar para você estudar no Instituto Bíblico Central, sem Springfield, Missouri, se você se sentir interessado na obra do Senhor”.

O jovem sentiu algo estranho no seu coração. Sentiu que o Espírito Santo estava abrindo caminho para ele fazer o que tinha prometido a Deus. 

“Sim, mãe”, respondeu-lhe, “eu vou pensar sobre o que a senhora me tem falado, e vou orar também”. 

Duas semanas depois, uma noite do mês de julho, 1938, sozinho em casa começou a tocar… Sentiu sua alma angustiada, com lágrimas caindo dos olhos e sem perceber o que estava fazendo, se achou momentos depois tocando o velho hino cujas palavras se queimaram como fogo no seu coração:

“Posso ouvir Jesus chamando

Toma a cruz e segue, segue-me.

Aonde quer que a cruz me guie

Eu a levo, levo, sempre fiel!

Graça e glória me promete

E me leva, leva, até o fim!”

Voltando para casa, seus pais o encontraram ajoelhado, ao lado do piano, seu rosto banhado em lágrimas, mas brilhando com um sorriso de gozo e paz! Eles se abraçaram chorando, sem uma palavra, mas sabendo que o conflito espiritual estava resolvido. Mas uma vez, o Espírito de Deus, na Sua incessante procura de jovens para a Seara do Mestre, tinha conquistado um fiel obreiro, que servia ao Senhor da ceifa até o fim de sua vida!

Neste verão também veio a conhecer a moça que mais tarde se tornaria a sua esposa, Florencia Tiahrt. Ela era membro de sua Igreja, Assembleia de Deus, e muito dedicada às coisas de Deus. Quando ele foi falar com ela sobre seus planos, ela o olhou espantada, e, tirando da sua bolsa uma carta, mostrou-lhe que ela também tinha sido aceita como aluna do Instituto Bíblico Central de Springfield.

Ela confessou-lhe que há muito Deus tinha lhe chamado para a obra missionária e que ela temia contar-lhe antes, mas tinha resolvido falar-lhe naquele mesmo dia, sem mais tardar. Foi com muita alegria que fizeram seus preparativos para ingressarem no Instituto Bíblico. Mas, como os nossos caminhos são traçados por quem sabe o melhor para nós, algo aconteceu na família da jovem Florencia, e por fim ela não pôde ir naquele ano.

No seu primeiro ano no Instituto, Oren ajudou a pagar os seus estudos dando aulas de piano. No seu terceiro ano, Florencia veio estudar na escola. Depois de terminar o terceiro ano de estudos, oren voltou como professor de música. No último ano de estudos de Florencia, ela veio falar com Oren:

“Oren, você tem me pedido em casamento, mas tenho um grande peso em meu coração. Deus me tem chamado para a sua obra e sinto que Ele quer minha vida no campo missionário. Tenho orado muito, pedindo a Deus outro serviço, mas Ele fala constantemente a mim sobre a obra missionária”.

Para Oren Munger foi mais uma confirmação de Deus sobre o seu casamento com Florência.

No Instituto Bíblico, ambos pertenceram ao grupo de Oração pela América Latina e num recente culto, um missionário de Nicarágua tinha implorado, chorando, para alguém ajudar-lhe a alcançar as remotas aldeias e vilas dos indígenas nas matas da Nicarágua. Desde aquele dia Deus tinha falado ao coração de Oren sobre a necessidade daquele povo. Nenhuma das tribos indígenas nas densas selvas da região central da Nicarágua tinha ouvido o Evangelho.

Florencia e Oren se casaram em maio de 1942 e devido a grande necessidade de obreiros, missionários para a América Central, foram logo enviados para o campo missionário. Foram muitos que protestaram a ida deste brilhante músico para uma região onde seus talentos musicais seriam desconhecidos e praticamente enterrados.

Foram muitos que procuraram dissuadir o jovem casal do seu alvo, falando que outras podiam servir nas matas, mas que Oren, com seus talentos musicais, era preciso e necessário nas Igrejas e trabalhos dos E.U.A. A todos ele dizia:

“Tudo que tenho e sou pertence a Deus. Meus talentos, já há muito dediquei a Ele. Minha paixão era o piano, a música, mas nestes últimos anos, a maior paixão da minha vida é trabalhar para o meu Senhor e Mestre na Sua Seara”.

O jovem casal passou 8 meses em El Salvador, estudando o idioma espanhol. Oren se tornou tão eficiente no idioma, que o próprio povo não podia entender como um estrangeiro podia falar tão bem, e quase igual a eles.

Agora, veio a chamada urgente para Nicarágua. Oren e Florencia sabiam que em poucos anos, três missionários tinham morrido naquele país por causa das terríveis febres, o clima difícil e doenças tropicais, que abundam nas densas matas da Nicarágua. Chegando na cidade de Santa Ana, Nicarágua, logo começaram a encontrar hostilidades da parte da Igreja Católica Romana.

Essa perseguição era severa os quais eram determinados a forçar o jovem casal missionário a desanimar e deixar o seu trabalho, que foi necessário eles se mudarem para uma outra cidade, chamada Leon, onde a Igreja tinha sido recentemente estabelecida. Em todo o país, neste tempo, tinha somente doze obreiros nacionais, dos quais somente dois tinham recebido o batismo do Espírito Santo.

Quando Oren soube disto, ficou determinado de orar e esperar diante de Deus por um avivamento, em primeiro lugar nos obreiros e depois avivamento espiritual do país. Ele sentiu as forças e os poderes de Satanás rodeando-lhe e passou horas e horas em oração, pedindo vitória pela obra missionária e avivamento em toda a Igreja Pentecostal Nacional. Ele escreveu para as Igrejas dos E.U.A.:

“Orem, orem, meus irmãos, por este país tão necessitado. Nossa luta aqui é contra as forças satânicas que somente Deus pode quebrar; minha oração constante é: Deus, usa-me, usa esta vida, enche a minha vida de compaixão pelas almas perdidas; que eu esqueça tudo nesta vida e somente tenha a visão das almas diante de mim”.

Oren cooperou no instituto bíblico fundado em Leon, ensinando um grupo de jovens que sentiram a chamada de Deus para ingressar na obra. E como a obra necessitava de obreiros. Oren começou a orar com os alunos sobre a necessidade de Nicarágua e Deus mandou um avivamento dentro da Escola.

Ele adoeceu nesta época com malária, mas levantava da cama para dar aulas e para orar todas as noites com os alunos. Depois ter-se recuperado parcialmente junto com alguns alunos do instituto, Oren começou a visitar os indígenas na beira da grande selva.

  Viajando horas, no intenso sol, sob condições extremamente cansativas, sempre a pé, andando milhas e léguas, ou às vezes de jumenta, ou mula. Estabeleceram um trabalho em El Corozo e outro dentro duma vila dos índios bem dentro da selva. Ele escreveu o seguinte sobre estes trabalhos:

“As longas horas de oração, de intercessão, estão produzindo frutos para o reino de Deus. Voltando, precisávamos passar por outra caminho, devido as chuvas torrenciais que tinham destruído o caminho, abrindo valetas e tomando estes em verdadeiros rios. Caminhando o dia todo pelas matas; olhando para as minhas mãos machucadas, grossas, sangrando, com calos e feridas, pensei: ‘São estas as mãos do jovem que sonhava ser um grande pianista do mundo?’ Por um minuto, uma grande tristeza invadiu minha alma, mas ouvi o Salvador me dizer: ‘Olhe para as minhas mãos, Oren’. Prontamente Oren exclamou: Oh, Jesus! Minha única ambição é te servir, custe o que custar. Eu me sinto tão perto de ti aqui nestas selvas. Mestre, mantenha sempre diante de mim a visão das tuas mãos”.

Neste tempo nasceu no lar do jovem casal, um lindo menino, que recebeu o nome de Marcos. Alguns meses depois, Florencia, seriamente atacada com malária, quase não resistiu as terríveis crises da doença, mas foi radicalmente curada numa noite, em resposta a oração fervorosa da Igreja por ela. E, agora veio a chuva; não chuva de águas do céu, mas chuvas espirituais de avivamento. Assim escreveu Florencia para seus pais:

“Os obreiros nacionais se reuniram para um tempo de meditação e oração. De terça até sexta tem sido oração intercessora constante, nem sentimos desejo de comer ou dormir; alguns têm ficado sobre seus joelhos mais de 20 horas, mas Deus nos ouviu. Os obreiros começaram a receber o batismo do Espírito Santo, um após o outro. Em cinco dias, nós dormimos um total de 16 horas e comemos cinco refeições, mas ninguém se queixou de fome ou sono. Quando fomos para a Igreja no domingo, 30 pessoas receberam o batismo do Espírito Santo. Enfim, somente restava agora dois obreiros sem batismo em todo o país, dezenas de crentes começaram a receber. As Igrejas estavam cheias e pessoas se convertiam em todos os cultos. Em novembro de 1944, nasceu Márcia Alice Munger e que alegria ela trouxe àquele humilde lar na terra adotiva de seus pais”.        

No Natal daquele ano, Deus deu a Oren uma visão em que ele se viu numa linda terra e quando queria entrar, tinha de passar por um longo corredor escuro e sem luz; quando entrou no corredor, alguém tomou sua mão e lhe mostrou muitas pessoas com coroas brilhantes na cabeça e uma pessoa se aproximando com uma coroa magnífica na mão. Voltou a si naquele momento. Todo aquele dia ele pensou sobre a estranha visão e finalmente ele disse a esposa: 

“Querida, creio que não tenho muito tempo para trabalhar para Jesus; quero me gastar na Sua causa; quero dar tudo sobre o altar de Deus”.

Aquela noite, quando os outros tinham ido para a cama, ele foi sozinho para um quarto fora, e lá, sobre os seus joelhos, Deus lhe seu o hino: “A VISÃO”, que tem inspirado tantos jovens a deixar TUDO para se entregarem totalmente à Deus. No dia seguinte, ele disse à sua esposa: 

Eu queria ter um piano para tocar esta música que soa na minha mente” e logo disse: “Oh, meu amado Senhor, me perdoa, não peço nada para mim, senão a Tua Santa Vontade”.

Foi uma renúncia real na vida do jovem Oren Munger, nesta ocasião com 25 anos, nem um piano por perto para ele tocar; às vezes sentia uma saudade imensa de tocar. Mas, nosso Deus, que é sabedor de tudo e tem prazer em dar a seus filhos o desejo de seus corações, utilizou um senhor de bens, que mudava de sua cidade para outra, para lhe dar um piano.

Em março de 1945, quanto trabalhava numa região onde caiam chuvas fortes e o clima era úmido e desagradável, Oren adoeceu.

Tremores e febre atacaram seu magro corpo. O médico veio e pronunciou-se sobre a moléstia: “É tifo”. Os fieis obreiros levaram-no sobre uma mula até sua casa. Lá sua esposa dedicou todo seu tempo ao seu lado.

Trataram dele com remédios, mas a febre não cedeu. Continuou dia e noite, semana após semana, mês após mês. O hospital local recusou-se recebe-lo por causa da moléstia, com medo e superstição. Corriam muitos rumores na cidade sobre a estranha doença do missionário evangélico. Sua esposa viu-o mais abatido dia após dia. Tentava ajudá-lo em tudo o que podia, estava ao seu lado quase sem descansar. Um outro casal missionário cuidava dos pequenos filhos da família Munger e assim Florencia podia passar todo o tempo ao seu lado. Passaram horas em oração e o avivamento continuou a espalhar-se pelas Igrejas. No seu último dia neste mundo, chamou sua esposa que estava escrevendo uma carta aos pais de Oren:

“O que devia eu dizer-lhe?” Ela perguntou.

 

Ele respondeu: “Diga-lhe que eu estou passando pelas águas fundas, mas que o meu Senhor é o Senhor das águas fundas”.

 

Então ele se virou para ela e disse: “Querida, quero te dizer uma coisa. Hoje eu vou morrer. Jesus tem me falado que vem me buscar hoje e que andará comigo pelo longo corredor até a cidade celestial”.

 

“Oh, não, Oren!” Disse Florencia. Deus ainda tem uma obra para você fazer.

 

“Oh, não, não!” “Vem, querida”, disse ele. “Toca no acordeão para mim e cante o hino ‘Posso Ouvir Jesus chamando’”.

Com lágrimas e voz cheias de soluções, ela tentou cantar, mas tarde eles oraram. Ele abraçou e beijou sua esposa. Depois, quando o crepúsculo caiu sobre a pequena cidade interiorana de Leon, no coração de Nicarágua o espírito do jovem missionário deixou o seu corpo mortal e voltou ao Seu Criador, em 1945.

Eu pergunto:

  1. Uma vida vivida em vão?

  2. Só três curtos anos no campo missionário, foram em vão?

  3. Não, não, cem vezes não!

Em menos de um ano, depois da sua morte, o Senhor mandou um avivamento sobre a Igreja de Nicarágua como nunca tinha experimentado.

Milhares entraram na igreja e só num lugar foram registrados 163 que receberam o batismo num mês.

Será que foi uma pena gastar um tão grande talento num lugar remoto como as selvas da Nicarágua?

Quando uma mulher derramou um frasco de perfume muito caro sobre a cabeça de Jesus, os discípulos acharam que foi um desperdiço (Mt 26.6-13).

Foi para o Mestre que aquela mulher fez este sacrifício e foi também para o Mestre que Oren Munger deu seu todo: suas ambições, seus sonhos, seus planos, sua fama, sua brilhante carreira, TUDO, TUDO, perante a visão das pessoas sem Cristo.

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