Atos 5.1-42
Introdução: Como toda Bíblia, Atos dos Apóstolos é riquíssimo em detalhes. Focando em Atos 5, percebemos esse capítulo subdividido em três partes:
- A hipocrisia de Ananias e Safira (Atos 5:1-11);
- O ministério dos Apóstolos (Atos 5.12-16); e
- A verdade e suas consequências (Atos 5.17-42).
Vejamos:
1. A HIPOCRISIA DE ANANIAS E SAFIRA (ATOS 5:1-11)
Como escreveu George McDonald: “Metade da infelicidade do mundo decorre da tentativa de aparentar em lugar da tentativa de ser”. Jesus chamou isso de “hipocrisia”.
Destacamos aqui alguns pontos importantes, que Hernandes Dias Lopes chama dê:
- A hipocrisia disfarçada (Atos 5.1-2);
- A hipocrisia desmascarada (Atos 5.3-4);
- A hipocrisia condenada (Atos 5.5-6);
- A hipocrisia combinada (Atos 5.7-10); e
- A hipocrisia derrotada (Atos 5.11).
O resultado foi uma onda de temor piedoso que se espalhou por toda a igreja e entre os que ouviram o relato (At 5:11). Passamos de:
- “abundante poder” para
- “abundante graça” (Atos 4.33) e, daí, para
- “abundante temor”.
Todos esses elementos devem estar presentes na Igreja, em nós.
“Retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12.28-29).
2. O MINISTÉRIO DOS APÓSTOLOS (ATOS 5.12-16)
Vimos que a igreja na plenitude do Espírito é unida, admirada e multiplicada. Satanás deseja, com seu progressismo, dividir a igreja, envergonhá-la e diminuí-la, e, se o permitirmos, é exatamente o que fará.
Contudo, a Igreja descrita aqui triunfou completamente sobre os ataques de Satanás!
- O povo continuou unido (Atos 5.12);
- Sendo admirado pelos de fora (Atos 5.13); e
- Multiplicando-se (Atos 5.14).
É bom que se diga que a Igreja crescia diariamente por adição de vidas salvas e por ação divina. Vejamos o crescimento da igreja:
• Atos 1.15: 120 membros;
• Atos 2.41: três 3 mil membros;
• Atos 4.4: cinco 5 mil membros;
• Atos 5.14: Uma multidão é agregada à igreja;
• Atos 6.7: O número dos discípulos é multiplicado;
• Atos 9.31: A igreja se expande para a Judeia, Galileia e Samaria;
• Atos 16.5: Igrejas são estabelecidas e fortalecidas no mundo inteiro; e
• Agora, somos milhões em todo o mundo. Glória a Deus!
E por que isso vinha acontecendo e nunca mais parou? Deus deu aos apóstolos o poder de realizar milagres. Esses “sinais e prodígios” foram usados por Deus para autenticar o ministério apostólico:
“Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gentios a obedecerem a Deus: pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus. Assim, desde Jerusalém e arredores, até o Ilírico, proclamei plenamente o evangelho de Cristo”.
Romanos 15:18-19
“As marcas de um apóstolo — sinais, maravilhas e milagres — foram demonstradas entre vocês, com grande perseverança”.
2 Coríntios 12:12
“Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade”.
Hebreus 2:4
Os grandes prodígios realizados pelos apóstolos foram um cumprimento da promessa de Deus de que realizariam grandes obras em resposta às orações feitas com fé (João 14.13-14).
Os milagres operados por Jesus durante seu ministério aqui na Terra tinham três propósitos:
(1) demonstrar compaixão e suprir as necessidades humanas;
(2) apresentar suas credenciais como Filho de Deus; e
(3) transmitir verdades espirituais.
Os apóstolos e profetas lançaram os alicerces para a Igreja (Efésios 2.20), e os pastores, mestres e evangelistas edificam a Igreja sobre esses alicerces. E esses alicerces são sintetizados nas máximas da Reforma Protestante, que são:
- Só a fé;
- Só a graça;
- Só as Escrituras;
- Só Cristo; e
- Só a Deus glória.
O mais importante não era curar os enfermos, mas ganhar almas perdidas para Cristo, à medida que multidões se juntaram à igreja. O Espírito deu-lhes poder de fazer prodígios e de testemunhar (At 1:8), pois os milagres por si mesmos, sem a Palavra de Deus, não salvam os perdidos.
O maior milagre de todos é a transformação de um pecador em um filho de Deus, milagre realizado pela graça de Deus. Esse é o milagre que supre a maior de todas as necessidades, o mais duradouro e pelo qual foi pago o mais alto preço: o sangue do Filho de Deus.
3. A VERDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS (ATOS 5.17-42)
Depois de Pentecostes, a mensagem da ressurreição de Jesus Cristo espalhou-se, à medida que testemunhas com o poder do Espírito compartilhavam o evangelho com os perdidos. A pregação da Palavra foi acompanhada de sinais e prodígios, e ninguém tinha como negar que Deus operava de maneira diferente no meio de seu povo.
Mas nem todos estavam satisfeitos com o sucesso da Igreja. A “instituição religiosa oficial” que fizera oposição ao ministério de Jesus e que o havia crucificado assumiu a mesma posição hostil com relação aos apóstolos.
“Se me perseguiram, também perseguirão vocês”
João 15:20
“Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus”.
João 16:2
Era o antigo conflito entre a verdade viva e a tradição morta. O vinho novo não poderia ser colocado em odres velhos, nem o tecido novo poderia ser costurado em vestes gastas (Mateus 9.14-17).
O mártir inglês Hugh Latimer disse: “Sempre que houver perseguição, grandes são as probabilidades de que a verdade está do lado perseguido”.
Vemos nesse relato, segundo Warren W. W., quatro reações diferentes à verdade de Deus, reações estas que ainda podemos encontrar hoje.
1. O conselho: a verdade é atacada (Atos 5.17-28);
2. Os apóstolos: a verdade é afirmada (Atos 5.29-32);
3. Gamaliel: a verdade é evitada (Atos 5.33-39); e
4. A Igreja: a verdade é anunciada (Atos 5:40-42).
Quando as pessoas se recusam a tratar de desentendimentos com base em princípios e na verdade, com frequência recorrem à violência verbal ou física e, por vezes, a ambas.
De acordo com William Temple, os cristãos “são chamados para realizar a mais difícil de todas as tarefas: lutar sem ódio, resistir sem amargura e, no final, se Deus assim o desejar, triunfar sem um espírito vingativo”.
De que maneira os apóstolos reagiram ao tratamento ilegal que receberam dos líderes religiosos de sua nação? Eles se regozijaram!
Jesus havia lhes dito para esperar perseguições e os havia instruído a se regozijar quando isso acontecesse (Mateus 5.10-12). A oposição humana representava a aprovação divina, e, na verdade, era um privilégio sofrer pelo nome de Jesus (Filipenses 1.29).
Sendo assim, com perseguição ou não, vamos continuar nossa missão cotidiana, no templo e de casa em casa, ensinando e proclamando que Jesus é o Cristo (Atos 5.42).
Conclusão: D. L. Moody testemunhava destemidamente de Cristo e procurava falar sobre questões espirituais para pelo menos uma pessoa por dia.
- “Como vai sua alma hoje?”,
- “Você ama ao Senhor?
- “Você pertence a Jesus Cristo?”.
Alguns se ofendiam com sua abordagem direta; mas não foram poucos os que se entregaram a Cristo nessas ocasiões. “Quanto mais usamos os meios e as oportunidades que temos”, dizia Moody, “mais capacidade e oportunidades teremos”. E também: “Vivo em função das almas e da eternidade; desejo ganhar almas para Cristo”. Não se contentava apenas em falar às multidões; também se sentia impelido aconversar com as pessoas individualmente e a instá-las a crer em Jesus Cristo.
Pela ordem: Os profetas, Jesus Cristo, Apóstolos, Pais da Igreja, Pre-Reformadores, Martinho Lutero, Moody… cumpriram sua missão. E nós, estamos cumprindo a missão que Deus nos deu em Cristo Jesus?
Referências:
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DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.), SHEDD, Russell P. (ed. em português). O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995.
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Vida Nova, 1993.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Tradução de Degmar Ribas Júnior. São Paulo: Hagnos, 2003.
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SWINDOLL, Charles R. O despertar da graça. Tradução: Emirson Justino. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.
STOTT, John R. W. Evangelização e responsabilidade social: relatório da consulta internacional realizada em Grand Rapids. Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial e World Evangelical Fellowship. Tradução: José Gabriel Said. 2° Ed. Ampliada. São Paulo: ABU Editora; Belo Horizonte: Visão Mundial, 2004.
TENNEY, Merrill C., TH. D. O Novo Testamento: sua origem e análise. São Paulo: Vida Nova, 1989.
TOZER, A. W. À procura de Deus. Curitiba-PR: Editora Betânia, 1985.
WENHAM, John William. O enigma do mal: podemos crer na bondade de Deus? Tradução: Márcio L. Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1989.
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Edição Revista e Corrigida (DO), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1969.
Bíblia do Ministro com Concordância: Nova Versão Internacional (NVI). Traduzida pela Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2007.
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Pregador
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